Painel de abertura da Conferência Nacional de Logística debate resultados do setor em 2014
Publicado em 15/09/2014
Evento será realizado durante a 29ª Movimat, entre os dias 16 e 18 de setembro, no Expo Center Norte, em São Paulo
Com o objetivo de avaliar o atual cenário de logística no Brasil e traçar um paralelo entre os resultados de 2014 com as projeções e expectativas de 2015, o painel de abertura da XVIII Conferência Nacional de Logística (CNL), da Associação Brasileira de Logística (Abralog), durante a 29ª Feira Internacional de Intralogística (Movimat), abordará o tema “Resultados da Logística em 2014 e expectativas para 2015”.
O debate será no dia 16 de setembro, às 9h15, no Expo Center Norte, em São Paulo, e contará com a presença do consultor e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV), Manoel Reis, do vice-presidente de Logística do Walmart, José Paulo Pereira, e do diretor-geral de Supply Chain da Reckitt Benckitt, Paulo Quiriuno.
A moderação ficará a cargo do consultor e professor da FGV, Rodolpho Weishaupt Ruiz. Para ele, o cenário, nos próximos anos, será um desafio com muitas dificuldades na infraestrutura logística de transporte e armazenagem. Para exportar e importar com tranquilidade, os empresários brasileiros deverão buscar novas alternativas, para tentar escoar a produção. Isso porque a nova lei dos portos, que foi definida pelo Governo Federal, para diminuir essa deficiência, usou um modelo parecido ao que é usado na Inglaterra e na Nova Zelândia. “Mesmo diante disso, faz-se necessário realizar novas licitações para novos terminais nos portos existentes, renovar os contratos antigos e exigir mais investimento, para aumentar a eficiência operacional e também outorgar autorizações para que a iniciativa privada faça portos privativos que prestem um serviço público.”
Como exemplo, ele cita a Empresa Brasileira de Terminais Portuários (Embraport), a qual é responsável pela operação de um dos maiores terminais portuários privativos do Brasil, sendo seus acionistas a Odebrecht TransPort, DP World e Coimex. No transporte rodoviário, a realidade não é diferente, uma vez que os operadores fazem “malabarismos”. Além da dificuldade enquanto as concessões de rodovias não chegam e com rodovias precárias, alguns empresários estão montando centros de distribuição de produtos em diferentes Estados do Brasil.
Outro fator agravante, nesse segmento, é o número de assaltos registrado. Somente no Estado de São Paulo, em 2013, foram 8.000 e uma alternativa encontrada foi o investimento em rastreamento, monitoramento e escoltas, para dar segurança ao transporte de cargas via terrestre, além de mudar a rota original de suas entregas até o cliente. “A segurança contra o roubo de cargas já consome 9% do total do valor do frete, no Brasil, algo em torno de R$ 16 bilhões. Diante disso, quanto mais atrasar as obras que o País precisa para movimentar seus produtos, mais o processo logístico se vê obrigado a investir pesadamente para desenvolver alternativas viáveis de movimentação de cargas”, alerta Ruiz.
Com isso, o mercado brasileiro de logística está na mira de grandes grupos internacionais, com maior poder de fôlego financeiro, para atuar na armazenagem, transporte, co-packing (manuseio e embalagem) e gestão de Supply Chain (logística integrada), dado que o mercado brasileiro de logística amadureceu, saindo de um modelo regional para operações em âmbito global, atraindo investimentos internacionais, pela possibilidade de ganho de escala. Aliado a isso, há o ritmo acelerado de crescimento do e-commerce, que abre as portas para o setor de movimentação de material.
A partir do próximo ano, a perspectiva, na opinião do especialista, é de que o Governo Federal continue transferindo para a iniciativa privada a gestão de todos os grandes aeroportos, além de aprimorar o Código Brasileiro de Aeronáutica, mesmo depois de ter feito as melhorias nos aeroportos, em razão da Copa do Mundo. “Outro modal que o governo deve continuar abrindo licitações é os portos para novas áreas e aumentar o calado (profundidade) dos principais portos. Também devem investir em eclusas, aumentando, assim, a navegabilidade pelos rios”, aponta.
No transporte ferroviário, a prioridade, apontada pelo especialista, deve ser a retirada de todas as favelas próximas das linhas férreas, aumentando a interconexão da malha ferroviária aos outros tipos de modais, e continuar licitando para a construção de novas ferrovias.
Já no modal rodoviário, a rentabilidade justa para os investidores em estradas federais deve ser assegurada. “Com isso, além de conceder maior autonomia e recursos, a Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) deve fiscalizar mais e melhorar o excesso de peso dos caminhões, que acabam por provocar acidentes ou danos na pista de rolamento”, aposta Ruiz.
Por outro lado, Ruiz alerta que cabe às empresas privadas aumentar o uso de ferramentas de tecnologia de informação, como roteirizadores, para definir adequadamente as rotas, fazer melhor controle de frotas, realizar processos de emissão de Conhecimento de Transporte Rodoviário de Carga (CTRC) por Eletronic Data Interchange (EDI), a fim de evitar dupla digitação de dados já existentes na base de dados dos embarcadores, aprimorar a qualificação profissional, renovar a frota e criar a cultura de qualidade, para obter melhores desempenhos, para que os embarcadores possam selecionar, com mais segurança e agilidade, aqueles transportadores que operam segundo os melhores padrões de qualidade.
“Diante desses grandes desafios, há a necessidade de estimular a criatividade e a ousadia, na busca de soluções viáveis. Esse é o momento para repensar modelos estruturais, os processos operacionais e reinventar práticas, para que tanto a iniciativa privada, quanto o governo se unam em benefício da logística de nosso País”, enfatiza.
Para Pedro Moreira, presidente da Abralog, que realiza a Conferência, com organização e promoção da Reed Exhibitions Alcantara Machado e com o apoio de conteúdo da Business to Group (B2G), o Brasil deveria investir 4% do Produto Interno Bruto (PIB) em logística, para ter uma infraestrutura razoável em 20 anos. “O País investe somente 1% do PIB nesse setor. Por isso, estamos levantando a bandeira da multimodalidade, sem a qual não conseguiremos fazer o ‘custo Brasil’ se transformar em ‘lucro Brasil’.”