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Condomínios logísticos: setor aponta reversão de expectativa

Publicado em 30/07/2014

O pessimismo vigente, no início do ano, em relação à demanda por condomínios logísticos, não se confirmou. Os empresários do setor mostravam-se apreensivos com o cenário de baixo crescimento econômico, juros e inflação em alta. A previsão de que a Copa do Mundo pararia o País se confirmou. Porém, a movimentação que antecedeu os jogos injetou uma dose de ânimo no setor. “A procura por estudos de viabilidade aumentou 20%, no primeiro semestre em relação a 2013, contratos envolvendo 342 mil m² foram fechados e três já tiveram as obras iniciadas em São Paulo e Minas Gerais”, segundo Daniela Lacerda, gerente de Negócios e Marketing da Libercon Engenharia.

A boa performance do setor foi detectada pela Cushman & Wakefield (C&W). A taxa de vacância caiu de uma média de 18,5%, no final de 2013, para 16,8%, no primeiro semestre. “É um bom sinal, apesar das previsões pessimistas, por mostrar que o mercado absorveu, aproximadamente, 500 mil m² dos 610 mil m² entregues. Historicamente, o segundo semestre é melhor do que o primeiro”, comenta Mário Sérgio Gurgueira, diretor de Representação de Proprietários da C&W. Os preços dos aluguéis, no País, estão estabilizados na média de R$ 20 por metro quadrado, para os empreendimentos classe A, que oferecem pé direito de pelo menos 11 metros, piso nivelado a laser e com capacidade para aguentar 5 toneladas por metro quadrado, sistemas de segurança, entre outras características.

Levantamento da Colliers International mostra que estão em construção 2,1 milhões de metros quadrados, evidenciando a confiança do mercado na consolidação da tendência de migração das empresas para os condomínios logísticos, em busca de ganhos de eficiência e redução de custos das operações logísticas. A maior parte deles, 76%, está na região Sudeste.

Os percalços da economia não assustam os investidores. “Como nossa visão é de longo prazo, os planos da empresa não sofrem grandes alterações em função da economia”, comenta Mauro Dias, presidente da Global Logistic Properties (GLP). A companhia encerrou, em março, o ano fiscal de 2014 com uma receita de US$ 7,3 bilhões na operação brasileira, 234% a mais do que a de 2013. Também foi concluída a primeira parte da compra dos 26 ativos da BR Properties, com 800 mil m², um investimento de R$ 2,4 bilhões. Agora, a meta é construir 400 mil m², nos quais serão investidos R$ 880 mil. Desse total, 200 mil m² referem-se à segunda fase do condomínio de Guarulhos, São Paulo, e o restante, a empreendimentos em Gravataí, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Embu das Artes e São Bernardo do Campo, ambos em São Paulo.

A Hine está prestes a entregar seu primeiro centro logístico desenvolvido para obter a certificação LEED, o Distribution Park Embu II. Localizado, estrategicamente, nas proximidades do Rodoanel, o empreendimento tem 52,3 mil m² de área locável, distribuídos em oito módulos. O grande diferencial do equipamento é oferecer um pé direito de 12 metros em toda a extensão dos galpões. A empresa opera 610 mil m² em São Paulo, Rio de Janeiro e Manaus.

“O potencial do mercado brasileiro é muito grande, mesmo porque ainda existe uma obsolescência muito grande”, comenta Benny Finzi, diretor da Hines. O executivo destaca que a demanda por galpões classe A é muito grande em cidades como o Rio de Janeiro e Manaus, onde a companhia lançará, ainda este ano, o Manaus III, com 130 mil m² de área locável. Além disso, entrega em fevereiro de 2015 outro condomínio em Xérem, distrito de Duque de Caxias, Rio de Janeiro, com 70 mil m² para locação.

Embora a procura continue em franco crescimento, muitas empresas, como o Grupo Boticário, preferem construir centros de distribuição (CDs) próprios. Dono das marcas O Boticário, a maior rede de franquias do Brasil, Eudora, Quem disse, Berenice? e The Beauty Box, a companhia tem, atualmente, 3.837 lojas em todo o País. “Como a logística de distribuição é fundamental, optamos por operar toda a cadeia, uma vez que não existem empresas especializadas para atender às necessidades do Grupo”, explica Miguel Letenski Neto, diretor de Supply Chain.

Há três anos, o Grupo Boticário decidiu erguer um novo CD em São Gonçalo dos Campos, Bahia, para ancorar o crescimento da companhia. Também instalou fábrica em Camaçari, Bahia, com investimento de R$ 155 milhões e capacidade de expedir 1.800 caixas e, aproximadamente, 70 mil itens por hora. “A intenção do Grupo Boticário é conseguir uma operação 20% mais eficiente do que a do CD de Registro, São Paulo, com custo 20% menor, para que possamos atender rapidamente às demandas do mercado”, acrescenta Neto.

Fonte: Valor Econômico