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Abralog lança Frente Nacional pela Multimodalidade

Publicado em 17/09/2014

Conferência Nacional de Logística aborda temas relevantes e diversificados na Movimat 

Ao final do primeiro dia da 18ª edição da Conferência Nacional de Logística (CNL) e da 29ª Feira Internacional de Intralogística (Movimat), a Associação Brasileira de Logística (Abralog) oficializou a criação da Frente Nacional pela Multimodalidade, envolvendo associações representativas dos diversos modais logísticos.

O manifesto pela multimodalidade “Ações para um Brasil eficiente” foi apresentado e será entregue aos presidenciáveis. “Infraestrutura deve ser um plano de Estado e não de um governo”, afirmou o presidente da Abralog, Pedro Moreira.

A Frente Nacional pela Multimodalidade, concretização de uma ideia que nasceu no último dia da edição de 2013 da Movimat, será coordenada pela Abralog e envolverá embarcadores e operadores de transporte multimodal, com frentes regionais, para desmistificar a multimodalidade e fomentar a implementação de soluções de integração de modais no Brasil. A Frente atuará em cinco temáticas: vocação dos modais, eficiência operacional, sustentabilidade e segurança, planejamento operacional e otimização tributária.

O manifesto foi assinado pelo presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga de São Paulo e Região (Setcesp), Manoel Sousa Lima Junior, que declarou o apoio do setor rodoviário à iniciativa. “O modal rodoviário é um dos players dessa frente. Não vemos os outros modais como concorrentes, mas como complementares. Se considerarmos que um caminhão foi concebido para não rodar mais do que 500 km e as dimensões continentais do Brasil, é preciso realmente integrar os modais.”

Roteirização otimiza entregas e contribui para a competitividade das empresas de logística
O planejamento de distribuição e a roteirização no transporte são tendências necessárias para garantir competitividade dos negócios. A adoção de novas tecnologias permite estabelecer uma sequência otimizada de entregas para satisfazer as necessidades dos clientes e driblar imprevistos no trajeto, como manifestações, obras e mudanças de última hora. Essa foi uma das questões abordadas nos painéis, no primeiro dia da XVIII CNL, que ocorre até quinta-feira, dia 18, no Expo Center Norte, em São Paulo.

Foram apresentadas as variáveis que devem ser consideradas no planejamento, o uso da tecnologia e ferramentas disponíveis de planejamento, roteirização e ações de correção para desvios e imprevistos externos. “Na roteirização, agregamos inteligência e tecnologia em todo o processo de planejamento das viagens, aferindo os custos de cada uma, sejam transferências, coletas ou entregas. É possível otimizar entregas, utilizando práticas de melhorias e desempenho, aumentando, assim, a produtividade”, explicou Frederico Hohagen, da Maplink.

Segundo Hohagen, é necessário que os empresários integrem o planejamento com o que é realizado efetivamente, para poder mensurar os resultados. “É preciso integrar a solução de roterização, meios de pagamento, Enterprise Resource Planning (ERP) e rastreadores, para que seja possível controlar, em real time, todo o processo logístico.”

Uma medida adotada pelo Habib’s, rede brasileira de fast food, especializada em comida árabe e que otimizou os processos de entregas, foi utilizar o conceito de não abastecer lojas que estejam a mais de 400 km das centrais de produção, distribuídas pelo Brasil. “As nossas centrais operam 24 horas e priorizamos essa operação para facilitar a movimentação nas vias de acesso e, com isso, economizar os custos aos lojistas. Nós não utilizamos sistema de roteirização, porque o próprio lojista é quem faz o transporte das mercadorias para a sua unidade. Viabilizamos os horários de carregamento e a distribuição desses horários, conforme agendamento e trajeto percorrido, sempre tendo como prioridade a redução dos custos”, relatou o diretor de Operações do Habib’s, Marcos Gonçalves Oliveira.

Bicicletas são alternativas para driblar dificuldades de entregas em grandes centros
As recentes mudanças nos padrões de consumo, somadas aos enormes problemas de mobilidade e distribuição nas áreas urbanas das grandes cidades, fazem com que os desafios de entrega sejam cada vez maiores. O primeiro dia da Conferência Nacional de Logística apresentou novidades para a mobilidade urbana e alternativas para aperfeiçoar a distribuição nos grandes centros.

“Resolver a questão da mobilidade urbana passa pelos automóveis, pois é inadmissível uma cidade como São Paulo ter 600 automóveis para cada 1.000 habitantes. É o dobro do que tem em Londres. Não é retirando os caminhões da rua que resolverá a questão, mas sim dando condições para que as pessoas utilizem os transportes públicos”, apontou o professor da Universidade de São Paulo (USP), Hugo Tsugunobu Yoshida Yoshizaki, moderador do painel sobre o tema.

Ao comentar situações inesperadas que interferem no transporte, como os confrontos que bloquearam ruas do centro de São Paulo, no dia 16 de setembro, o professor afirmou que o brasileiro ainda não tem uma cultura de coleguismo e de compartilhar informações. “Buenos Aires tem muito mais protestos e manifestações do que no Brasil e lá as pessoas se ajudam, dando informações de como contornar o trânsito para não interferir nos resultados. Algo que funciona bem no Brasil é o rádio táxi, em que taxistas avisam uns aos outros das rotas de escape. Uma saída que tende a crescer mais é o uso de aplicativos colaborativos, como o Waze.”

Atento às necessidades de mercado, Victor Castello Branco, sócio da Ecolivery Courrieros, percebeu que poderia apresentar uma solução para driblar os gargalos de mobilidade urbana e, há dois anos, sua empresa atende a região central de São Paulo, em um raio de 12 km, fazendo entregas expressas com o uso de bicicletas. “A tendência é as pessoas quererem cada vez mais descomplicar o processo. Vimos que conseguimos atender um nicho de público exigente com a entrega pontual, mas também antenado com a questão de sustentabilidade.”

Os serviços de couriers, bike messenger ou bici-boys já são conhecidos e eficazes em grandes cidades, como em Nova York e Londres. “Já estava na hora de São Paulo adotar de vez esse serviço, no qual as bikes contribuem para agilizar e humanizar a vivência nas metrópoles”, salientou Castello Branco. São Paulo tem 70,6 km de ciclovias e, com a meta da gestão atual de atingir 400 km até 2016, esse mercado deve ficar mais aquecido.