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Entrevista com o diretor-executivo da Komlog, Franco Fernando Dauer, sobre o primeiro Entreposto da Zona Franca de Manaus

 

Publicado em 27/04/2015

Itajaí terá primeiro Entreposto da Zona Franca de Manaus
Entreposto da Komlog terá área disponível de armazenamento de mais de 300 mil m² e proporcionará maior eficiência logística e melhora do fluxo de caixa das empresas instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM)

Por Viviane Farias | Redação MundoLogística 

Este ano, a região Sul do Brasil ganhará o seu primeiro Entreposto da Zona Franca de Manaus (EZFM), que entrará em operação na cidade portuária de Itajaí, em Santa Catarina. O contrato com o governo de Manaus, Amazonas, e as negociações com as empresas já foram iniciados pela Komlog, proprietária da permissão. No Brasil, existem três entrepostos em funcionamento e o quarto fica em Itajaí, sendo o único da região Sul pelos próximos dez anos, que poderão ser renovados por mais dez.

A Komlog é um operador logístico de Itajaí, que pertence à holding Komgroup e atua há mais de 20 anos no mercado, elaborando soluções para as empresas do setor de comércio internacional e de distribuição do País.

Em entrevista à MundoLogística, o diretor-executivo da Komlog, Franco Fernando Dauer, conta detalhes sobre esse empreendimento. Formando em Administração, com habilitação em Comércio Exterior pela Universidade do Vale do Itajaí, pós-graduado em Mediação de Conflitos Organizacionais pela Universidade Federal de Santa Catarina e MBA pela Columbia University, nos Estados Unidos, Dauer trabalhou durante cinco anos em uma empresa de logística intermodal na Califórnia, Estados Unidos e, depois, dedicou-se ao projeto da Komlog, onde está há sete anos.

MUNDOLOGÍSTICA: A Komlog ganhou a concessão do primeiro Entreposto da Zona Franca de Manaus da região Sul do Brasil. No que consiste esse entreposto?
FRANCO FERNANDO DAUER: No intuito de buscar uma nova condição de melhorar os custos para que a própria fábrica do grupo pudesse ser mais competitiva, a Komlog prospectou e desenvolveu um projeto para que pudesse trazer para Santa Catarina o Entreposto da Zona Franca de Manaus. O governo do Amazonas abriu um processo licitatório, há dois anos, no qual a Komlog participou e venceu. No Brasil, atualmente, há três entrepostos em funcionamento: o primeiro em Resende, Rio de janeiro, o segundo em Uberlândia, Minas Gerais, e o terceiro em Ipojuca, Pernambuco, recém-inaugurado. Existe um quarto, em processo de finalização licitatória, que é em Santarém, mas é uma questão política que aconteceu no governo do Pará. O único entreposto no Sul do Brasil será o da Komlog, que fica situado justamente em Itajaí e passa a ser um ponto muito estratégico, porque há toda uma estrutura portuária no Estado de Santa Catarina, que permite que tenhamos o fluxo de transferências de cargas de Manaus para Santa Catarina com valores muito competitivos. Esse custo de transferência é um dos principais fatores para a logística das indústrias localizadas no Polo Industrial de Manaus. O entreposto proporciona uma outra grande vantagem para as industrias do polo industrial, uma vez que elas poderão aproximar os seus estoques do mercado consumidor sem ter de pagar os impostos, conseguindo, por exemplo, transferir 10 milhões de estoque e só pagar esses impostos após seis meses ou quando efetuar a venda do produto para o cliente. Traz um impacto muito grande no fluxo de caixa das empresas, que podem aproximar os estoques sem ter de desembolsar os impostos. Além disso, esse trecho Manaus-Itajaí, em termos de cabotagem, possui o melhor custo de transferência no Brasil. A proximidade da região Sul faz com que estejamos até 12h dos principais mercados e do Sudeste, 24h a 48h, tornando-se muito mais estratégico do que qualquer outro entreposto no Brasil.

Qual o diferencial da Komlog que a fez vencer essa concessão?
A Komlog entra com cerca de 20 anos de experiência com operações logísticas, com expertise dentro do grupo também como fabricante, ou seja, existe uma expertise muito grande do operador Komlog sobre o processo logístico na Zona Franca de Manaus, visto que é uma rotina, inclusive, diante da infraestrutura que temos hoje para atender esses clientes.

Qual a área e a infraestrutura disponíveis nesse entreposto?
Atualmente, a Komlog está atuando dentro de uma área de 300 mil m² e a projeção é de construção de seis módulos de 26 mil m². O primeiro armazém de 26 mil m² já está pronto para receber mercadorias. Serão, então, mais cinco módulos nesse tamanho. Há, também, toda uma infraestrutura logística em um dos parceiros da Komlog, que é a Multilog Logística, onde temos a possibilidade de entrepostamento de cargas importadas, um polo de saúde com câmaras especiais, processos específicos para a armazenagem de medicamentos, enfim, todo um complexo logístico, que dificilmente se encontra igual no Brasil. Além dessa área, possuímos todo um sistema de segurança de altíssimo nível, bem como a distância entre os principais portos de, no máximo, 10 km, e temos a condição de fornecer uma solução global em termos de logística. Podemos oferecer desde a transferência de Manaus, a armazenagem dentro do entreposto e a distribuição, seja por meio de carga fechada ou fracionada, de acordo com o perfil de operação do cliente, para todo o Brasil. Então, fazemos de ponta a ponta, desde a coleta na fábrica, o armazenamento no entreposto até a entrega no cliente final.

Há previsão de quando esse entreposto entrará em funcionamento completamente?
Nós estamos já praticamente fechando o contrato com grandes empresas e, em menos de 60 dias, o primeiro cliente já começará a depositar as suas mercadorias e será o início oficial das operações.

Quais os serviços que o EZFM oferecerá às empresas que o utilizarão?
Os serviços são muito similares a armazém geral, ou seja, recebe a mercadoria, faz todo o processo de desconsolidação das cargas que são transferidas e de armazenagem, coloca-as nas estruturas, gerencia o período que esse produto poderá ficar em regime de entreposto, que são 180 dias, e faz a interação junto à Secretaria da Fazenda (Sefaz) de Manaus. Após o término desses 180 dias, o cliente transfere essa carga a um regime de armazém geral, faz o picking dessas mercadorias e, eventualmente, a expedição dessas mesmas mercadorias por meio das nossas transportadoras ou das transportadoras dos clientes. É uma operação pura e simples de armazenagem, com o diferencial de ter a suspensão dos impostos de 180 dias para esses fabricantes da Zona Franca de Manaus.

Quais as facilidades e benefícios que o entreposto proporcionará?
São três entrepostos no Brasil, mas o único com uma condição de posicionamento estratégico em relação aos principais mercados consumidores do Brasil é o de Itajaí. O segundo grande fator é o melhor custo de transferência das cargas de Manaus para o Sul do Brasil. Se comparar, por exemplo, é mais barato trazer uma carga de Manaus para Itajaí do que levar uma carga para Suape, que fica no Nordeste. Itajaí sai na frente com essa condição de infraestrutura portuária e de custos de transferências.

O que é permitido à Komlog fazer no entreposto?
A Komlog, durante dez anos, cujo contrato pode ser renovado por mais dez, pode, justamente, fazer o principal escopo do projeto, que é receber os produtos produzidos na Zona Franca de Manaus como se fosse uma extensão do território de Manaus, ou seja, é possível descentralizar os estoques não vendidos para o Sul do Brasil, para a melhoria da resposta do fabricante em relação ao seu mercado consumidor.

Quais as vantagens que o EFZM trará para a região Sul do País?
As vantagens são bastante claras com relação à movimentação de cargas. O volume de movimentação de contêiner nos portos aumenta de maneira muito significativa e, também, dos prestadores de serviço. Aquelas empresas que fazem linha de transferência de contêiner nesse porto e na nossa estrutura, e as próprias transportadoras que fazem a distribuição para o Sul do Brasil e Sudeste terão o incremento no volume de cargas, sem contar a geração de empregos diretos e indiretos.

 

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