*Por Josana Teruchkin
O Departamento de Custos Operacionais, Estudos Técnicos e Econômicos da NTC (Decope) divulgou, no início de novembro, um estudo sobre o aumento do diesel no custo do frete. Os 5% anunciados pela Petrobras podem ter um impacto de até 1,72% no valor do custo final do transporte rodoviário de carga. Essa notícia tomou conta das páginas e portais de veículos que falam sobre logística e transporte. Não é para menos, pois sabemos que toda a cadeia sofreu com essa medida, uma vez que o diesel, assim como a mão de obra são os insumos com maior representatividade no custo do transporte (mais de 50% do valor total do frete). Qualquer aumento, principalmente nessas duas contas, representa um grande impacto. A consequência, já sentida em todo o setor, é a defasagem imediata do frete sem a garantia do repasse.
O mercado logístico reflete a atividade econômica do País. O ano de 2014 foi impactado pelo evento da Copa do Mundo no Brasil e, também, pela expectativa e incerteza geradas pelas eleições. O mercado desaquecido com a recessão e a defasagem dos fretes, que, segundo informação divulgada pelo Decop em setembro deste ano, atinge o patamar de 9,66%, comprometem muito a margem de rentabilidade dos contratos.
Os contratos com grandes embarcadores, na sua maioria, não contemplam o gatilho automático para o aumento do diesel. O repasse, para ser aplicado, deve atingir um percentual mínimo pré-determinado, ou seja, a transportadora tem de suportar os repasses menores e somente aplicar quando atingi-lo.
É esse cenário que temos pela frente: negociações complicadas, mas que precisam acontecer. Com o mercado em crise, a tendência é que as margens de rentabilidade sejam cada dia menores. Nessa condição, qualquer ajuste de insumo pode colocar a operação no vermelho, por isso os repasses devem ocorrer de forma rápida, para não comprometer a saúde do contrato. Não há espaço para absorver qualquer aumento de custo, o que faz com que o repasse para o cliente deva ser quase imediato. Entendemos que é hora de reorganizar toda a gestão e nos preparar para um 2015 ainda em recessão, com falta de crescimento e panorama muito similar ao de 2014.
*Josana Teruchkin é diretora-executiva da Transportadora Sulista.