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Custo Brasil: o que é e como impacta no seu bolso?

Publicado em 20/12/2023

Para superar as dificuldades atreladas ao conceito, as empresas tem investido em novas tecnologias para aumentar a eficiência da cadeia logística e também a segurança, já que problemas de infraestrutura colocam em risco a vida de milhões de motoristas 

Por Redação


Hoje o Brasil precisaria investir o equivalente a R$ 423 bilhões para atender as necessidades de infraestrutura do país (Foto: Adobestock)

Se você acompanha os cadernos e noticiários de economia, certamente já deve ter ouvido falar do Custo Brasil. Conjunto de desafios estruturais que atrasam o desenvolvimento e fazem com que o país perca em competitividade no cenário internacional, o conceito foi cunhado em 1994 pela Petrobrás, em documento que detalhava as dificuldades para as atividades produtivas em território nacional.

Mas você sabia que o Custo Brasil impacta também de modo direto nos preços e, consequentemente, no seu orçamento?

Analisamos com mais detalhes como esses desafios que fazem parte, já há algumas décadas, de nosso ambiente de negócios, recaem sobre o bolso dos consumidores, faturamento das empresas e na qualidade dos serviços no país.

A logística também é diretamente afetada pelo Custo Brasil e, na conclusão do artigo, apresentamos alguns caminhos para que seja possível superá-lo.

OS CINCO PRINCIPAIS FATORES QUE COMPÕEM O CUSTO BRASIL

Segundo estudo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), em parceria com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o Custo Brasil alcançou, em 2023, aproximadamente R$ 1,7 trilhão e leva em conta o que as empresas do país precisam investir para arcar com suas atividades produtivas, tendo como parâmetro de comparação a média de custos dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE).

Considerando esse cenário de despesas exorbitantes, o MDIC começou a desenvolver, no primeiro semestre de 2023, um plano de ação para reduzir esse impacto que desacelera o crescimento do Brasil.

O anúncio da iniciativa foi feito no último mês de maio durante a primeira edição do Fórum de Competitividade, em Brasília, no qual também foram apresentados os principais fatores que compõem atualmente o Custo Brasil. Confira os cinco principais entraves para o desenvolvimento do país:

  • Capital humano: formação de mão de obra especializada, encargos trabalhistas e o excesso de judicialização na esfera do trabalho geram até R$ 360 bilhões de todo o montante do Custo Brasil, segundo o estudo do MDIC/MBC;
  • Ambiente tributário: na sequência, temos a complexidade e o amplo volume de impostos no ambiente tributário brasileiro, que geram impactos para as empresas e contribuintes na casa de R$ 310 bilhões. Para termos uma ideia do quão desafiador é o nosso sistema fiscal, hoje, as empresas do país levam, em média, mais de 1,5 mil horas apenas para calcular e pagar impostos (esse tempo é maior do que o de qualquer outra localidade em todo o mundo), de acordo com o relatório Doing Business do Banco Mundial;
  • Infraestrutura: a baixa qualidade de nossa infraestrutura que, por sua vez, encarece os custos logísticos, é o terceiro vetor que mais gera despesas no Custo Brasil. Ao todo, cerca de R$ 290 bilhões estão relacionados com questões infraestruturais de mobilidade urbana, transportes e regulações do setor;
  • Financiamento dos negócios: todo esse cenário, naturalmente, reduz a atratividade de investimentos no país e, por sua vez, torna muito mais difícil a abertura e manutenção de uma empresa no ambiente de negócios nacional. Além disso, o acesso ao crédito no Brasil é caro, burocrático e restrito para muitas organizações. Com isso, novos custos, na casa de até R$ 260 bilhões, vão para a conta do Custo Brasil;
  • Ambiente jurídico: finalmente, a ineficiência de nosso sistema regulatório e de leis – em conjunto com a baixa agilidade do judiciário nacional – compõe o quinto quadrante dos principais fatores atrelados ao Custo Brasil, gerando custos aproximados de R$ 210 bilhões.

"O Custo Brasil alcançou, em 2023, aproximadamente R$ 1,7 trilhão e leva em conta o que as empresas do país precisam investir para arcar com suas atividades produtivas, tendo como parâmetro de comparação a média de custos dos países da OCDE."

O IMPACTO DO CUSTO BRASIL NOS PREÇOS

No fim das contas, o consumidor é um dos elos mais afetados na cadeia de impactos do Custo Brasil.

Afinal, com a perda da qualidade de nossa infraestrutura, corre-se mais riscos de atrasos em entregas, avarias em produtos, além do fato de que a necessidade de maiores investimentos por parte das empresas para driblar os entraves de nossos modais logísticos acaba sendo repassado, ao menos em parte, para os consumidores-finais. E o mesmo vale para a questão do excesso de tributos, custos produtivos e relacionados ao trabalho.

Dentro desse contexto, um estudo da Fiesp/Ciesp – que analisou os impactos do Custo Brasil na atividade industrial do país em um período de 11 anos (2008 a 2019) comparativamente aos 15 principais parceiros comerciais do país – indicou que o preço dos produtos brasileiros é até 25,4% mais caro graças a todos esses entraves.

COMO VENCER O CUSTO BRASIL?

Para superar as dificuldades atreladas ao Custo Brasil, as empresas do país tem investido, progressivamente, em novas tecnologias que buscam desde aumentar a eficiência da cadeia logística – e também a segurança, haja vista que os problemas de infraestrutura colocam em risco, anualmente, a vida de milhões de motoristas – até automatizar rotinas de gestão da nossa complexidade tributária.

Mas essa é só a ponta do iceberg: para mudar realmente esse cenário de atraso competitivo, uma série de reformas estruturantes precisam ser conduzidas e, adicionalmente, a ampliação dos investimentos públicos é uma demanda urgente.

"O preço dos produtos industriais brasileiros é até 25,4% mais caro graças ao Custo Brasil."

Pensando na esfera logística, hoje o Brasil precisaria investir o equivalente a R$ 423 bilhões para atender as necessidades de infraestrutura do país; em 2022, apenas R$ 163 bilhões foram investidos (considerando-se os gastos da iniciativa privada e do Estado).

Nesse sentido, o plano de ações do MDIC para a reversão dos impactos do Custo Brasil, ao menos a princípio, parece uma medida positiva. Precisamos, no entanto, acompanhar os próximos capítulos desse debate para entendermos, em que medida, serão realizados avanços. Mas uma coisa é certa: sem um plano assertivo para a mudança, o Brasil ficará para trás na corrida da competitividade global.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde). 

MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL), da Associação Brasileira de Logística (Abralog) e da Quartzolit. Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

 

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