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Como enfrentar a escassez de motoristas e melhorar as condições de trabalho dos condutores?

Publicado em 06/12/2023

De acordo com os dados divulgados, 77% dos caminhoneiros entrevistados dizem que a tecnologia foi responsável pelas principais melhorias nas estradas e 85,7% acreditam que os avanços tecnológicos irão melhorar a profissão na próxima década

Por Redação


O setor de cargas enfrenta uma baixa de quase 1 milhão de motoristas (Foto: Shutterstock)

A escassez de motoristas é uma realidade global e um dos principais desafios para a logística contemporânea.

No contexto brasileiro, por exemplo, o setor de cargas enfrenta uma baixa de quase 1 milhão de motoristas, enquanto o número de condutores com carteiras habilitadas nas categorias D e E apresentou baixa de 18% entre 2021 e 2023, segundo números do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) divulgados em reportagem do Correio Braziliense.

Mas o Brasil não é o único país afetado por essa escassez: até 2026, a Europa deve enfrentar uma redução de cerca de 2 milhões no número de motoristas; enquanto os Estados Unidos encaram uma defasagem de caminhoneiros que alcançou cerca de 100 mil postos de trabalho em 2023, de acordo com estudos da American Trucking Association (ATA).

Internacionalmente, para vencer esse cenário, diferentes estratégias têm sido desenhadas – desde a facilitação dos processos de contratação de motoristas estrangeiros até o aumento dos investimentos em segurança nas estradas.

Pensando no cenário nacional, apresentamos abaixo algumas alternativas que podem apoiar empresas nas jornadas de atração e fidelização de novos colaboradores. Mas é importante ressaltar que algumas dessas etapas dependem também de investimentos públicos e de uma conscientização geral acerca da importância dos motoristas para a economia brasileira e da consequente melhoria das condições de trabalho desses profissionais.

"O setor de cargas enfrenta uma baixa de quase 1 milhão de motoristas, enquanto o número de condutores com carteiras habilitadas nas categorias D e E apresentou baixa de 18% entre 2021 e 2023, segundo números do Departamento Nacional de Trânsito."

SEGURANÇA NAS ESTRADAS COMO PRINCIPAL VETOR PARA A SUPERAÇÃO DA ESCASSEZ DE MOTORISTAS

Ouvir os motoristas sobre os pontos de melhoria que devem ocorrer no transporte brasileiro é, sem dúvidas, um passo fundamental quando pensamos na construção de caminhos para a formação de novos condutores e caminhoneiros no Brasil.

E, nesse sentido, um levantamento recente do Clube da Estrada já divulgado por aqui indicou que o principal fator de atenção para os motoristas é a segurança. Na pesquisa, 78% dos caminhoneiros entrevistados escolheram essa alternativa quando questionados sobre o que deve melhorar nas estradas brasileiras ao longo da próxima década.

Essa, de fato, é uma questão central quando consideramos que quase 50% das mortes nas rodovias do país envolvem acidentes com caminhões, segundo números do Anuário Estatístico da Polícia Rodoviária Federal de 2022.

Estimular a conscientização sobre a segurança nas estradas, aliás, é o principal objetivo da Campanha Estradas do Futuro, lançada este ano pela Mundo Logística. Neste link, você pode visitar o site, conhecer as ações do projeto e participar como apoiador.

O AUMENTO DA OFERTA DE PPDs

Logo na sequência, o segundo ponto de avanço para a melhoria das estradas na visão dos motoristas diz respeito a uma maior oferta no número dos Pontos de Parada e Descanso (PPDs) pelo território nacional.

Conforme destacamos em outro artigo recente, os pontos de parada e descanso são estabelecimentos previamente credenciados com instalações adequadas para o repouso de motoristas profissionais de transporte rodoviário. Um PPD, obrigatoriamente, deve se localizar "nas margens das rodovias ou em áreas sob circunscrição federal".

Apesar de sua importância para o setor logístico, hoje o Brasil conta apenas com 155 estabelecimentos credenciados como Ponto de Parada e Descanso. Assim, um esforço do poder público se coloca como indispensável para a mudança desse cenário que pode contribuir diretamente na melhoria das condições de trabalho dos condutores.

O DESAFIO DA INFRAESTRUTURA

Outra questão que depende, em grande parte, da iniciativa pública, é a melhoria da infraestrutura, relatada por mais de 71% dos motoristas, como principal ponto de melhoria para o setor de transportes na pesquisa do Clube da Estrada.

É válido lembrar que os problemas de infraestrutura no modal viário – principal meio logístico do país –, além de estarem diretamente ligados ao aumento do Custo Brasil, influenciam também no aumento do número de acidentes e na perda de competitividade do país em escala internacional.

PROGRAMAS COM FOCO EM DIVERSIDADE

Partindo das empresas, uma iniciativa que pode diminuir a escassez de motoristas envolve o desenvolvimento de programas de inclusão, como a contratação de caminhoneiras e os processos para a formação de jovens condutores.

Em relação à inclusão de gênero, há avanços positivos no Brasil: uma pesquisa de 2021 da consultoria de recursos humanos Gupy identificou, por exemplo, uma expansão de 229% no número de vagas ocupadas por mulheres na logística.

Mas ainda há muito a se avançar nesse sentido, uma vez que a disparidade de gênero segue como uma realidade desafiadora para o setor logístico: segundo o mesmo levantamento, aproximadamente 71% dos postos de trabalho são ocupados exclusivamente por homens no mercado brasileiro.

Por sua vez, a contratação de jovens deve ser conduzida por meio de programas de formação e, inclusive, de incentivo para a habilitação nas modalidades D e E da CNH.

O PAPEL DA TECNOLOGIA NA MELHORIA DAS CONDIÇÕES DE TRABALHO DOS CONDUTORES

Finalmente, a inovação desempenha uma função crucial quando pensamos em melhores condições para os motoristas brasileiros. E esse indicador foi destacado pelos próprios condutores na supracitada pesquisa do Clube da Estrada.

De acordo com os dados divulgados, 77% dos caminhoneiros entrevistados dizem que a tecnologia foi responsável pelas principais melhorias nas estradas e 85,7% acreditam que os avanços tecnológicos irão melhorar a profissão na próxima década.

Ou seja: investir em inovação – seja em soluções para o aumento da segurança de caminhões, aumento da previsibilidade de rotas, redução dos processos de manutenção em caminhões, engenharia de tráfego, melhoria das estradas e até para a formação dos condutores – é uma ação estratégica que pode contar com esforços alinhados de empresas, poder público e gestores logísticos.

"77% dos caminhoneiros dizem que a tecnologia foi responsável pelas principais melhorias nas estradas e 85,7% acreditam que os avanços tecnológicos irão melhorar a profissão na próxima década."

Só com essa união de iniciativas, é possível vislumbrar um cenário em que novos motoristas atuem no ambiente logístico e nas estradas do futuro.

ESTRADAS DO FUTURO

Enfrentar o desafio dos acidentes em estradas e rodovias do Brasil não é uma questão simples e, ao mesmo tempo, trata-se de uma demanda que pede urgência. De acordo com dados da CNT (Confederação Nacional de Trânsito), só em 2022, mais de 64 mil acidentes foram registrados no país — desses, 82,1% deixou vítimas, incluindo mortos e feridos. Em termos gerais, o Brasil ocupa a preocupante posição de 3º país com o maior número de mortes no trânsito, conforme relatório da OMS (Organização Mundial de Saúde). 

MundoLogística lançou a campanha “Estradas do Futuro”, uma iniciativa que conta com patrocínio da nstech, apoio da Onisys, da Associação Brasileira de Operadores Logísticos (ABOL) e da Associação Brasileira de Logística (Abralog). Por meio da campanha, o intuito é unir os diferentes atores da cadeia logística nacional, difundindo conteúdos educacionais que tragam tanto visibilidade para a pauta da segurança no transporte rodoviário, quanto práticas e divulgação de soluções que possam colaborar com a capacitação e proteção de motoristas.

 

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