Investimentos das concessionárias de ferrovia deverão atingir R$ 5,3 bilhões em 2012

Os investimentos das concessionárias de ferrovia no país deverão atingir o recorde de R$ 5,3 bilhões em 2012, informa o diretor-executivo da AssociaçãoNacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), Rodrigo Vilaça. Os aportes acompanham o crescimento do setor nos últimos anos, impulsionado por commodities como minério de ferro, carvão mineral e café.

As inversões privadas previstas para este exercício - em modernização, recuperação e aumento da capacidade da malha - são 15,2% superiores às registradas em 2011, quando elas totalizaram R$ 4,6 bilhões. O balanço do segmento ferroviário foi divulgado ontem, 09 de abril, pela entidade, em Brasília.

Para ilustrar o forte ritmo de expansão dos investimentos, somente no ano passado as inversões realizadas pelas concessionárias aumentaram 56,3% na comparação com o ano anterior, quando elas somaram R$ 2,9 bilhões.  Segundo Vilaça, desde a privatização da malha federal, em 1997, os aportes no modal do país já somam R$ 29,97 bilhões. Deste total, apenas R$ 1,39 bilhão partiu do governo federal e os R$ 28,58 bilhões restantes foram realizados pela iniciativa privada.

Na avaliação do diretor da ANTF, o governo precisa ter mais atenção com o setor, já que as deficiências verificadas na malha existente estariam em áreas coordenadas por estatais. Entre os gargalos, estão invasões de áreas de ferrovia e a falta de contornos ferroviários. Atualmente, nove empresas públicas administram o espólio da antiga Rede Ferroviária Federal.

Por outro lado, as ferrovias privatizadas estão investindo pesado no modal de transporte. Entre os projetos em andamento está o da MRS Logística S/A. Em 2010, seu presidente, Eduardo Parente, anunciou que a empresa iniciaria no ano passado investimentos de aproximadamente R$ 1 bilhão.

As grandes inversões são resultado do crescimento na demanda pelo transporte ferroviário no país. Em 2011, o volume transportado pelos trilhos brasileiros cresceu 1% na comparação com o ano anterior, passando de 470,1 milhões de toneladas para 475,1 milhões de toneladas.

Apesar da expansão moderada no ano passado, o transporte ferroviário no país cresceu 87,6% desde a concessão da malha em 1997, conforme informações da entidade. Entre os fatores que estão impulsionando o setor, conforme o diretor da ANTF, está o transporte de minério de ferro e carvão mineral, que responderam por 76,61% do volume carregado em 2011. Já o agronegócio (commodities) foi responsável por 11,51% da movimentação, seguido por produtos siderúrgicos (3,77%) e derivados de petróleo e álcool (2,79%).

Apesar de não divulgar dados regionais, Vilaça explica que Minas Gerais tem grande participação nos resultados nacionais, uma vez que o Estado concentra a maior malha do país, 17% do total. Além disso, em Minas está a maior parte da produção brasileira de minério de ferro.

Em relação às perspectivas para o setor, Vilaça afirma que o cenário atual é positivo e o crescimento será mantido. "Os efeitos da crise internacional, por exemplo, já foram superados", diz ele.

O diretor-executivo da associação lembra que, além das concessionárias, o crescimento impulsiona também a indústria ferroviária, que está realizando investimentos importantes. Entre eles está a fábrica de locomotivas da Caterpillar, em Sete Lagoas (região Central do Estado). O empreendimento, que começará a operar em maio, receberá aportes de US$ 70 milhões.

A malha ferroviária brasileira tem 28.614 quilômetros de extensão, dos quais quase a totalidade - 28.366 quilômetros - é operada por dez concessionárias privadas.