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Custo logístico consome 11,2% da receita das empresas e transporte é o maior vilão

Publicado em 29/09/2014

Infraestrutura inadequada, corrupção e impostos minam a competitividade logística do Brasil 

A Fundação Dom Cabral, escola de negócios da América Latina, divulgou os resultados da pesquisa “Custos Logísticos no Brasil 2014”, cujo objetivo é avaliar os custos logísticos para as empresas e seu impacto nos negócios. A pesquisa consultou 111 empresas brasileiras, cujo faturamento equivale a 17% do Produto Interno Bruto (PIB). De acordo com o estudo, os custos logísticos, no Brasil, consomem 11,19% da receita das empresas, que revelam ter um alto nível de dependência de rodovias (85,6%), máquinas e equipamentos (68,5%) e energia elétrica (66,7%). 

“Em linhas gerais, o transporte continua sendo um fator muito presente na composição do custo logístico, basta ver, por exemplo, que 48,6% das empresas consultadas consideram muito alta a influência dos transportes na formação do preço final de seus produtos”, destaca Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral e responsável pelo estudo. Alguns dados da pesquisa reforçam esse aspecto. O transporte de longa distância é, com 44%, o fator mais representativo na estrutura de custo logístico das companhias, seguido de armazenagem, com 19,06%. Os transportes de produto acabado e de matéria-prima têm os maiores custos logísticos. Para 69,3% das empresas, o transporte de produto acabado tem um custo muito alto ou alto e 61,2% das empresas têm a mesma opinião sobre o transporte de matéria-prima. 

Nesse contexto, as rodovias têm um papel de destaque. No transporte de insumos e produtos, o modal rodoviário é, de longe, o mais utilizado (81,7%), seguido do ferroviário (14,6%). Tanto que, para 40% das empresas consultadas, a melhoria das condições das rodovias é um fator importante para reduzir os custos logísticos. “Dada à importância do modal rodoviário para as empresas, o desafio que se impõe diz respeito à qualidade das rodovias, o que, segundo a pesquisa, estamos longe de alcançar, uma vez que 69,1% das empresas consultadas consideram nossas rodovias muito ruins ou ruins”, pontua Resende. Nos modais ferroviário e portuário, a situação é ainda pior: 95,5% e 80,8% das companhias responderam que a qualidade nesses modais é muito ruim ou ruim, respectivamente. 

De acordo com a pesquisa, a participação da iniciativa privada é vista como crucial para o desenvolvimento dos projetos de infraestrutura no Brasil, com destaque para a concessão rodoviária (77,3% consideram a participação privada bastante ou extremamente necessária), concessão ferroviária (83,7%), administração portuária (82,7%) e gestão de aeroportos (85,2%). Para o empresariado, o maior gargalo para o cumprimento das obras de infraestrutura no Brasil é a corrupção, com 75,5%, seguida da burocracia (60%). 

“As empresas avaliaram, ainda, que a corrupção, os impostos e a infraestrutura inadequada compõem o tripé responsável por minar a competitividade do ambiente logístico brasileiro”, conclui Resende. 

Segundo a pesquisa, a formação de mão de obra tem proporcionado relevantes aumentos não previstos na composição do custo logístico. Para 62,4% das companhias, formar mão de obra tem um impacto muito alto ou alto no aumento extra do custo logístico. De forma geral, a saída encontrada pelas empresas para atenuar o custo logístico tem sido a terceirização de frota e os serviços logísticos para outros operadores (70%).