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Conferência debate desafios para a logística no Brasil

Publicado em 30/05/2018

“1ª Conferência Internacional + Logística + Inovação” foi idealizado pela Abrig e teve a fala de profissionais no país e internacionalmente

Por Azelma Rodrigues

Veículos autônomos de cargas, armários inteligentes que devolvem a roupa lavada, drones que fazem entregas onde não há endereço postal. A distribuição rápida de qualquer mercadoria é com certeza uma via de entrada na 4ª revolução industrial, a transformação imposta pelas novas tecnologias e relacionamento virtual, conforme deixaram claro os participantes da “1ª Conferência Internacional + Logística + Inovação”.

No evento, idealizado pela Associação Brasileira de Relações Institucionais e Governamentais (Abrig) em parceria com o Instituto Euvaldo Lodi (IEL), os antigos gargalos da infraestrutura brasileira, a descontinuidade de políticas públicas e a urgência de investimentos e modernização, incluindo projetos governamentais em curso, nortearam os debates de empresários e autoridades.

Nas exposições, os especialistas trouxeram um panorama do mundo em mudança sob o comércio global online e as novas realidades tecnológicas. Serviços centenários como os correios, ou o transporte terrestre de cargas, são colocados em xeque pelo crescimento do e-commerce e formas inovadoras de armazenamento.

Após dar uma visão sobre como funciona a “internet dos pacotes”, o presidente da União Postal Universal (UPU), Walter Trezek, entidade que integra 182 serviços de correios no mundo, convidou o presidente da Abrig, Guilherme Cunha Costa, a ser membro do conselho consultivo da entidade.

Uma mensagem teve unanimidade entre os palestrantes: independentemente da área de atuação, o empresário brasileiro não pode mais ignorar a inovação. Isso evidencia a importância de adotar planos empresariais estratégicos de digitalização, onde a eficiência logística passa a ser essencial. 

Para o presidente da Abrig, Guilherme Cunha Costa, a 1ª Conferência Internacional + Logística + Inovação foi a entrada efetiva da entidade nas discussões de políticas públicas, de forma transversal, unindo indústria, comércio e transportes. “Estamos empenhados em melhorar o ambiente negocial de empreendedorismo no nosso país”, disse, citando que o setor de transporte e logística movimenta cerca de 6% do PIB brasileiro.

A apreensão com o descontinuísmo de políticas e ações, a cada mudança de governo, foi manifesta pelo presidente da Fecomércio DF, Adelmir Santana, que clamou por marcos regulatórios claros. “Logística e inovação envolvem todos os setores da economia, e de forma milenar, o comércio de bens e serviços se baseia no transporte e na logística. Mas, no Brasil, há um grande atraso por causa da nossa burocracia estatal, uma divisão de poderes”, disse. Segundo ele, quem não estiver focado no processo de inovação estará fora do processo econômico futuro.

As demandas do setor de transporte de cargas na área de capacitação e qualificação de mão de obra serão bem recepcionadas no Ministério do Trabalho, prometeu o ministro Helton Yomura em mensagem encaminhada aos participantes do evento. “É um segmento de extrema importância para a economia brasileira, transportando nossos produtos e nossas riquezas, grande gerador de empregos e oportunidades”, afirmou.

Ao anunciar o lucro de R$ 667 milhões em 2017, sinal de recuperação financeira após a crise econômica, o presidente-em-exercício dos Correios, Carlos Fortner, disse que o órgão estatal rima com cidadania. “A presença do carteiro na rua, do carro amarelo do Sedex, são exemplos de cidadania, de uma instituição que funciona”, afirmou. “A empresa está passando por uma grande virada. Os Correios, hoje, estão inseridos num mercado concorrencial, de onde tiram 55% da receita. E disputamos, dia a dia, a preferência do cliente, com a certeza de que seremos a número um.”

Até o início do segundo semestre, o Executivo deve submeter aos órgãos de controle as regras para a concessão de trechos da Ferrovia Norte-Sul e da Ferrogrão, informou o secretário nacional de transportes terrestres e aquaviários do Ministério dos Transportes, Luiz Felipe Cardoso. Na malha rodoviária, cerca de 2 mil quilômetros devem ser licitados, até o fim do ano. “O programa rodoviário tem que ser refeito”, disse Cardoso, citando a necessidade de correção nas concessões feitas pelo governo anterior. “Nosso maior desafio, até o final deste governo, está focado, especificamente, em viabilizar esses projetos que vão beneficiar a logística do país. Isso tem nos tomado o dia e a noite”, afirmou.

A superintendente do IEL nacional, Gianna Cardoso, destacou que por ser “um tema de fundamental importância para a competitividade da indústria e do país”, várias empresas presentes ao evento foram convidadas a participar da MEI - Mobilização Empresarial pela Inovação, que financia a capacitação e o treinamento de profissionais nesse sentido.

Duas Cartas de Intenção, uma sobre Roubo de Cargas e outra sobre Geração de Empregos ao Transportador Autônomo foram assinadas no evento. Um dos signatários, o presidente da Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística (NTC), José Hélio Fernandes, aproveitou para criticar a discussão em torno de possível mudança na tributação pelo PIS-Cofins, “que vai tirar de alguns e botar outros para pagar. Quem vai pagar a conta é o setor serviços, incluindo nosso transporte”.

Diumar Bueno, presidente da Confederação Nacional dos Transportadores
Autônomos (CNTA) defendeu uma proposta de governo para o setor rodoviário de carga, que priorize “a vida do transportador, independente do veículo e da carga. Se cuidarmos disso, estaremos cuidando também do veículo e da carga”. Tal proposta precisa ser de longo prazo com garantia de continuidade, “não importa o governo que esteja no poder. São os caminhoneiros que ainda mantém a condição do Brasil andar”, disse Bueno.