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Scandit, Logística e machine learning: a conexão entre os mundos físico e digital

 

Publicado em 01/06/2022

Esteban Tognini, head da companhia para a América Latina, falou com exclusividade para a MundoLogística sobre o foco em Logística, o futuro da tecnologia e o papel do trabalho humano nessa relação

Por Christian Presa


Foto: Divulgação

Foi-se o tempo em que a tecnologia era vista como um recurso futurista, distante da realidade das relações e dos processos. Logística e Supply Chain que o digam: o que se vê na contemporaneidade é, cada vez mais, uma integração desses segmentos com soluções como realidade aumentada, inteligência artificial e machine learning. Nessa equação, os dados – e a interpretação deles – sempre ocupam uma posição estrutural.

Inclusive, a combinação entre dados e a realidade aumentada é capaz de oferecer visibilidade e progresso notável ao simplificar processos. Foi com essa premissa que surgiu a Scandit, empresa suíça que está no mercado há 12 anos e hoje tem valor de mercado avaliado em U$ 1 bilhão – U$ 4,8 bilhões, em conversão direta. No Brasil, a Scandit possui clientes como Rappi e Azul.

Reconhecendo o potencial de transformar imagem em dados de valor, a companhia desenvolveu soluções como Augmented Reality Overlay (Sobreposição de realidade aumentada) and ShelfView (Visualização de prateleira). Essas ferramentas utilizam algoritmo orientado por machine learning para reconhecer e interpretar os dados capturados via câmera, que são transformados em informações para otimizar operações logísticas.


Foto: Reprodução

Aliás, o setor de Logística é tido como estratégico para a Scandit, especialmente quando se fala em Brasil. Em entrevista exclusiva para a MundoLogística, o head da companhia para a América Latina e Caribe, Esteban Tognini, destacou os benefícios que as soluções da Scandit podem trazer para as operações, o desenvolvimento de tecnologia para o futuro e o papel do trabalho humano nessa relação.


MUNDOLOGÍSTICA: Atualmente, a Scandit se apresenta como líder global na captura inteligente de dados e essa é uma tecnologia muito presente nos processos de Logística e Supply Chain. Como você enxerga a relação entre a Scandit e as operações desse segmento?

ESTEBAN TOGNINI: Atualmente, o nosso maior mercado é a Logística. Para nós, é natural auxiliar as empresas de logística na melhoria de questões críticas que as companhias estão enfrentando nesse momento, tal como a competição para se posicionarem no mercado e atenderem às demandas dos clientes, ainda mais quando se fala em agilidade no delivery. A Rappi, por exemplo, é uma das nossas clientes. Eles têm cerca de 200 mil entregadores e, com o uso da nossa solução, puderam otimizar o processo de picking, o tempo de entrega e, consequentemente, a fidelização do consumidor final. Em alguns países, eles estão oferecendo entregas em até 15 minutos. Quando nos encontramos com empresas de logística, tanto no Brasil quanto em outros países da América do Sul, elas sempre ressaltam a necessidade de melhorar o processo e o tempo das entregas. Esse é o grande foco e é nisso que estamos auxiliando-as por meio de nossas soluções.

Em fevereiro deste ano, a Scandit recebeu um investimento de US$ 150 milhões – aproximadamente R$ 720 milhões, em conversão direta – que será aplicado na expansão da companhia a nível global. Como isso afeta o Brasil, em termos de presença da Scandit por aqui?

O Brasil, em particular, é um dos nossos focos para o uso desse investimento em expansão e contratação de pesquisadores. Nós começamos a cobrir a América Latina em 2019 com um pesquisador, e então contratamos mais um especialmente para o Brasil. Temos executivos que representam a Scandit que já estão atuando em São Paulo, dando suporte ao nosso atendimento. O nosso investimento no Brasil está tanto em marketing quanto nas relações que estamos dispostos a firmar com outras companhias brasileiras. Estamos muito animados para expandir a nossa atuação.

Há tipos específicos de indústria para os quais as tecnologias oferecidas pela Scandit são mais indicadas?

Na verdade, os processos de qualquer tipo de indústria podem ser aprimorados com as nossas soluções, mas estamos focados em oferecer auxílio a segmentos como empresas de transporte, manufatura, operações logísticas e o setor de healthcare. Honestamente, o nosso maior foco no Brasil é o varejo e o setor de logística de forma geral. No segmento de transporte, a nossa maior cliente brasileira é a Azul, com a qual firmamos parceria em 2019. Em relação ao varejo, nós identificamos uma grande oportunidade de auxiliar as empresas durante a pandemia, pois muitas intensificaram ou mesmo migraram para o comércio eletrônico e precisaram adotar soluções para otimizar o processo de picking e delivery.


Foto: Reprodução

A abertura da logística para a tecnologia é uma realidade, mas essa relação também traz questionamentos sobre o papel do trabalho humano nesses processos. Como você enxerga isso, em termos do tipo de serviço que a Scandit oferece?

Nesse quesito, a América Latina tem questões diferentes da Europa e dos Estados Unidos, por exemplo. Por lá, eles têm dificuldade para encontrar profissionais que operem as tecnologias usadas nas operações. Já na América Latina, é o contrário: temos as pessoas para trabalharem e a busca é por tecnologias que auxiliem na redução de custos e no tempo dos processos para ganhar eficiência. O meu papel, como head nessa região, é explicar e demonstrar como a nossa tecnologia é útil e aplicável para resolver essas questões.

De que forma questões como a pandemia de Covid-19 e a Guerra na Ucrânica afetam o setor de tecnologia, em relação à atuação da Scandit?

Eu não sei se tenho uma resposta objetiva para isso. Todos os mercados estão sendo afetados pelas situações que são consequência da guerra na Ucrânia e os lockdowns, mas para nós, como uma companhia atuando na América Latina, ainda não é possível mensurar esse impacto para ter uma análise concreta. Estamos vendo que nossos clientes estão trabalhando bem, apesar dos problemas de inflação e outras questões que afetam a logística. Na verdade, nossos clientes estão dedicados a otimizar o last mile internamente [focando nas entregas em território nacional] e melhorar as operações nos centros de distribuição. São nesses processos que eles estão utilizando as nossas soluções de scanner e realidade aumentada para ter informações em tempo real. Nesse sentido, eles não estão tão envolvidos no que tange o contexto internacional, mesmo os clientes que têm alguma relação com o transporte via contêineres, por exemplo.

Tendo em foco o grande papel da tecnologia no cenário contemporâneo, quais são as perspectivas da Scandit para os próximos anos?

Existe um roadmap de diferentes soluções. No ano passado, nós implementamos o uso de scan ID para melhorar a verificação dos pacotes entregues. Nós também estamos trabalhando realidade aumentada de múltiplos pacotes para coletar e armazenar informações que ajudam o entregador a encontrar uma encomenda dentro do caminhão com mais facilidade na hora de realizar a entrega. Isso é importante, pois muitas vezes o entregador está lidando com um grande número de pacotes e tem dificuldade para encontrar o pedido certo a ser entregue. Com essa solução, basta o entregador apontar a câmera do celular para dentro da carroceria do caminhão e scannear os pacotes até que a encomenda em questão seja identificada.

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