*Por Giovani Benedetti Penha
Você já parou para pensar o que é tecnologia? Basicamente, tecnologias são “ferramentas que ajudam a solucionar problemas”. Nesse sentido, papéis e canetas são tecnologias úteis quando precisa escrever, certo? A boa notícia é que as tecnologias evoluem com o tempo, ajudando a resolver problemas de maneiras cada vez mais práticas. Para ganhar agilidade, você pode contar com um computador, em vez de papel e caneta. Da mesma maneira, em lugar de alimentar os dados manualmente em planilhas, pode dar dinamismo à gestão da frota utilizando softwares de gestão de frotas e o sistema de telemetria.
Porém, antes mesmo de falar sobre como o uso da telemetria pode ajudar nas tarefas do gestor de frotas e reduzir custos logísticos para a empresa, tema deste artigo, precisamos, primeiramente, definir o que é essa tecnologia. Dito de maneira simples: “tele” significa “de forma remota” e “metria” quer dizer “medição”. Portanto, telemetria é basicamente a medição de dados do veículo e a transmissão remota desses dados para uma central de monitoramento que a empresa monta, para acompanhar e saber como está a operação dos veículos, a condução dos motoristas, o consumo de combustível, entre outros.
Esses dados podem ser coletados de maneira analógica ou digital. No formato analógico, o acompanhamento é feito sensor a sensor. Se precisa ler, por exemplo, o RPM (contagiro) do veículo, é necessário instalar um fio no sensor responsável pelo RPM. Dessa forma, é possível fazer o cálculo do valor do contagiro, baseando-se nos pulsos que esse sensor envia e em uma calibração que é realizada veículo por veículo. Se precisar medir o odômetro, é a mesma coisa, e assim por diante, sensor por sensor.
A outra forma de fazer a leitura de telemetria é por meio da central eletrônica do veículo, presente nos veículos mais modernos. Em veículos pesados, a central troca informações com os componentes eletrônicos do veículo, por meio da rede Controller Area Network (CAN). De 2009 em diante, começaram a ser estabelecidos alguns padrões no mercado, o que facilita essa leitura digital.
Por exemplo: o motor recebe dados de vários sensores e, com isso, a central eletrônica sabe se ele precisa mandar mais ou menos combustível, de acordo com a situação dos sensores que medem o nível do oxigênio, a qualidade do combustível etc. A rede CAN também aponta as diversas falhas que acontecem no sistema. Se o veículo está com uma falha no sensor que monitora o nível de oxigênio, existente nos gases de escape, esse erro é apontado e fica nesse computador de bordo do veículo.
A grande vantagem da telemetria digital é o fornecimento de informações muito mais seguras e precisas. Por meio desse modelo, é possível coletar dados do odômetro, RPM, consumo de combustível, velocidade e muito mais.
A telemetria digital também é muito mais eficiente para identificar falhas, em tempo real, e o veículo pode ser consertado o quanto antes, evitando desperdícios, gerando mais economia e proporcionando mais segurança às operações. Todas as informações de telemetria são consolidadas dentro de um equipamento embarcado no veículo (computador de bordo), que transmite esses dados para a central de monitoramento, que, geralmente, fica na própria empresa.
Essa transmissão é realizada pela rede de telefonia celular. Diferentemente do modelo analógico, em que é necessário fazer a ligação em diversos sensores, no modelo digital, é preciso apenas conectar um par de fios na rede CAN, para saber todas as informações sobre o veículo. Pode-se imaginar que a rede CAN é como se fosse uma rede de computadores e o sistema de telemetria conecta-se a ela para saber tudo que está acontecendo por ali.
O uso dessa tecnologia gera diversos benefícios para a gestão dos veículos. Com a telemetria, consegue-se elaborar “rankings de motoristas” e saber, por exemplo, quem são seus melhores motoristas e os piores, acompanhando a maneira como eles estão conduzindo os veículos. Pode-se, ainda identificar quem são aqueles que estão rodando muito tempo com o RPM lá em cima, na faixa vermelha, ou seja, com consumo de combustível muito alto, desgastando as peças do veículo de forma prematura. Isso no caso de caminhões e ônibus, principalmente, ocasiona um aumento de gastos significativos com combustível e de retífica de motor.
Além disso, o gestor consegue identificar quanto cada motorista gastou, em quais viagens, horários, rotas etc. Tudo isso de forma muito mais detalhada. A partir dessas informações, é possível identificar falhas na operação, ou mesmo, no veículo e criar planos de ação.
A economia que isso gera é real e pode ser percebida na prática. Por meio da telemetria acompanhada da conscientização dos motoristas, a economia média projetada para empresas com cerca de 400 veículos assistidos por essa tecnologia é de R$ 2 milhões por ano, principalmente em diesel e retífica de motores. Outro benefício da telemetria é que ela funciona de forma totalmente autônoma. Não precisa ter uma pessoa responsável por cadastrar as informações no sistema, tudo é feito de forma automatizada, por meio da coleta das informações na rede CAN.
Com base nos dados de telemetria mais avançados, é possível trabalhar a gestão com esses indicadores. É um trabalho que demanda pouca gestão em cima do sistema em si. Por meio da telemetria, o gestor tem todos os dados e indicadores que precisa, para saber de que forma gerenciar melhor sua frota. O trabalho mais pesado vem depois: fazer a gestão dessas informações para melhorar o desempenho das operações, orientando e acompanhando os motoristas.
A telemetria também proporciona a redução de acidentes. Como consegue acompanhar a velocidade exatamente igual a do painel do veículo, é possível alertar os motoristas em casos de excesso de velocidade. Para dar ainda mais eficiência a esse controle, o gestor pode cadastrar qual é a velocidade permitida em cada trecho da viagem. Por exemplo: 40 km/h no máximo dentro da cidade, 80 km/h fora, 20 km/h no trecho perto da polícia rodoviária e 40 km/h em região de serra, e assim por diante. Configura-se a malha de velocidade da rota que os veículos fazem e estes vão ser monitorados por tais parâmetros.
Enfim, a telemetria gera centenas de parâmetros para que possa acompanhar e monitorar. No entanto, na hora de escolher um sistema de telemetria, algumas questões devem ser levadas em conta. É possível encontrar alguns equipamentos de telemetria muito mais baratos do que a média do mercado. Porém, fique alerta com o que pode parecer uma vantagem no começo. Esses tipos de equipamentos dão muito mais manutenção, pois não são desenvolvidos especificamente para o ambiente automotivo, fazendo o veículo ter de parar constantemente para fazer trocas e reparos.
Por último, vale dizer que quando buscar um sistema, pense também em todo o contexto que este atuará. O sistema precisa “conversar” com todas as questões que envolvem as operações dos veículos. Por isso, um sistema de telemetria que possibilite a integração com um sistema de gestão de frota atuará de maneira mais abrangente e efetiva do que um software que não tenha essa possibilidade de integração, limitando a aplicação prática das funcionalidades no dia a dia.
*Giovani Benedetti Penha é gerente de produto e parcerias da Veltec Soluções Tecnológicas S.A.